segunda-feira, 16 de maio de 2011

É sempre mágico.



É sempre a primeira vez. A magia, a mística do lugar inicia-se com a viagem. Não é a primeira vez que aqui tento descrever o que me faz sentir e, sempre, fica aquém do meu coração.

Ontem regressei, e como de todas as outras vezes, a sensação é crescente e emergente: não me importa acordar cedo, fico com uma ansiedade de criança. Um formigueiro de êxtase, de expectativas, um arrebatamento de espírito que não sei, não consigo transformar em palavras. À chegada tenho sempre a mesma sensação de beleza e incredulidade, algo tão simples e banal, tão corriqueiro para mim e no entanto, as primeiras passadas na areia, a brisa que me afaga a pele e sinto-me elevar-me, deliciosamente abraçada por uma aura de luz e paz. É isso. Sinto uma paz interior, uma leveza em que tudo faz sentido, como se me transportasse para outro Universo ou melhor, como se de algum modo, ficasse em perfeita sintonia com as energias cósmicas.

Nunca me aconteceu ali nada digno de relevância: nem memórias boas, nem más. Apenas eu. A ligação que tenho, talvez a abertura que me permito, ou a capacidade do espaço de me fazer ser eu, sem um superego castrador e hiperpensante. Não sei. Extrai o melhor de mim: olho para aquela imensidão e sou invadida por uma enorme vontade de chorar, são lágrimas de alegria, de agradecimento e de me sentir tão abençoada. Perdida em mim, avanço e é se como só eu existisse, o mar está calmo. Paz. Molho os pés, que sinto como uma caricia que me convida a arriscar. Sussurra-me que não preciso ter medo, basta desligar-me e entregar-me. Faço-o. Sorriu e entrego-me. Plena energia. Está tudo bem, sente-te e ouve-te. Está tudo bem. Assim faço. Despeço-me num até já e caminho lentamente na areia. Quero que este momento dure para sempre. O sal ficou colado à minha pele. Sinto-o e gosto-o: a pele salgada, limpa, pura e protegida. Admiro-o, presto-lhe homenagem pelo bem que me faz sentir e divago, enquanto no silêncio da alma vazia aguardo que o sol se ponha e me arrebate em mais um momento único.

Ali, é sempre a primeira vez. O encantamento não o sei explicar mas tudo é mágico, tudo é simples. E de todas as vezes fico siderada com o efeito, racionalizo e convenço-me que o fascínio é agregar o melhor de dois mundos.

3 comentários:

Fernando K. Montenegro 18 de maio de 2011 às 11:38  

Há lugares que têm esse poder sobre nós. Ficam sempre, nem que seja para nós mesmos - e não precisam de nos remeter para nada. Nem memória, nem vida de algo.

L. K. 18 de maio de 2011 às 20:23  

O curioso é eu nunca ter percebido qual a mistíca do lugar, o porquê do fascinio que me exercia e curiosamente, voltei a ter a capacidade de me surpreender ao perceber que era exactamente a capacidade de sentir O Nada que o espaço representa.

Ausência de significantes, significados ou outros significativos e somente: estar.

Fernando K. Montenegro 19 de maio de 2011 às 22:00  

Re-in-ven-tamo-nos sempre. Deve ser isso. És magnifíca, obrigado. Por tudo.

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