quarta-feira, 25 de maio de 2011

Crescer

O espelho devolve não se preocupa em corresponder às expectativas de quem o mira.



Cruzámo-nos por mero acaso. Não existem coincidências. Hoje senti. O início não foi fácil, houve a necessidade de sérios ajustes de modo a realizarmos um trabalho consistente e de resultados positivos. Conseguimos. Disse-lhe algumas vezes, ao longo destes anos, que a fórmula funcionou por ser expôntanea: feitios e modos de trabalhar que pensámos colidirem, afinal podiam ser complementares e elevarmos o nosso trabalho a outro nível. Admiro a sua forma de estar e a sua plasticidade mental. Aprendi imenso e Agradeço. Sei que também ensinei. Partilhei-me.


Curiosamente, eu - hiperracional - irritava-me com as suas questões: Que mania de questionar todas as hipóteses que eu colocava, que aborrecida ao confrontar-me continuamente com as justificações das minhas decisões em termos de trabalho. Não sei - respondia - é uma coisa que sinto. Com o passar do tempo passou a respeitar-me no meu raciocínio ilógico e atitudes algo polémicas perante determinadas situações. Abri e deixei que entrasse um bocadinho naquilo que penso ser, ou no registo que me habituei a ter. Um sem número de "coincidências" surgiram e um dia deitou tudo o quer era conhecido para o lixo. Partiu. Com ela levou a vontade de mudança e a necessidade de absorver. Dois meses, só, a deambular do outro lado do mundo.

Reencontrámo-nos hoje. A sua bagagem veio carregada de uma grande leveza. Percebeu a diferença entre o compreender, o perceber, o aceitar e o Sentir, o integrar em nós - ser parte de nós.


A sua experiência, o seu discurso, abriu nova porta: ainda necessito de evoluir mais, de me libertar mais. Perder o medo - Saltar no vácuo e deixar que o vento sopre debaixo das minhas asas dando-me uma rota, que provavelmente não será a que penso necessitar mas sim a que me faz falta. Falou-me do tempo: o tempo interno, racional e mesquinho de quem vive de causa- efeito e o tempo dos outros, daqueles que sabem que a vida tem mais imaginação do que nós. Falou-me do receber. Iludidos os que apregoam que é difícil dar, que exige partilha e não egoísmo. Erro. Quão doloroso é saber receber, ter a capacidade de receber: estar disponível para esse receber com a plena confiança que existem coisas para as quais não existe a "troca justa". A troca é apenas sentir o que nos é dado, integrá-lo sem antecipar o retorno, vivê-lo sem esperar qualquer troco - dado ou recebido. Ausência de expectativas positivas ou negativas. Perder, largar - abandonar - a noção errónea de auto-suficiência e Receber, apenas isso - RECEBER.


Difícil ? Dantesco.

Aprendo.

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