quarta-feira, 31 de julho de 2013

Um dia ...

Com o coração preso na garganta contemplava o exterior na vã esperança que os primeiros raios de sol da madrugada derretessem o gelo que lhe solidificava a alma. Olhava a sua pele escura queimada pela violência dos dias, nela descansam cicatrizes tão profundas que formam sulcos, podia apontar cada uma e descrever a profundidade da mesma. Já não importa de onde vieram as cicatrizes, ninguém lembra como fora antes, ninguém estranha o manto que a cobre - apenas ela que não consegue render-se. Apesar dos dias frios de alma, segura-se à vida acreditando nos campos floridos e na chegada da primavera - talvez amanhã o sol me aqueça, talvez hoje derreta a alma, e de si brotem lágrimas salgadas que lembrem a infinitude do mar, a sua calma e agitação, a sua personalidade vincada que impõe respeito mas também paz.  Os espelhos da alma, outrora vividos e fontes de luz caíram , partindo-se em mil estilhaços. O verde outrora vibrante deu lugar a uns eternos óculos de sol que permitem ocultar o vazio reinante. Perdeste quem um dia foste, perdeste pedacinho a pedacinho, e não soubeste apanhá-los, guardá-los hermeticamente para que não definhassem. Poderás reimplantar a alma?
A Fé não se explica, sente-se, é um Acreditar tão profundo como as entranhas da humanidade, é contemplares a chegada da madrugada e acreditares que a cada novo despertar a alma vai aquecendo, e o coração ganha cor. Um dia recuperas o verde dos teus olhos, um dia o coração volta a bater no peito, um dia a alma será candeia que (te) alumia ... um dia, Acredita em mim, um dia a solidão é companhia, o negro luz e a noite dia.

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