quinta-feira, 19 de junho de 2014

(Des)conversa 82

ao telefone ontem:
 
Ela - Olá. Estou farta de pensar em ti esta semana, como estás?
Eu - Estou bem e tu?
Ela - A sério que estás bem? Não se passa nada?
Eu - (?!?) Não porquê? Devia passar-se?
Ela - Não, é que estive com a E. que me disse que te viu, e que lhe pareceste muito triste e desanimada, até lhe pareceu que estavas a chorar.
Eu - (?!?) Estava num funeral (?!?)
Ela - ah! pois, isso ela não me disse ...

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terça-feira, 17 de junho de 2014

A morte e o luto em mim.

Quando os pais dos nossos amigos falecem, acabamos confrontados com a nossa realidade, a projectarmos os nossos medos, e  a revermo-nos nas situações. A vivência de uma dor ou somente a sua antecipação consomem-nos pelo confronto com  a nossa impotência e pequenez: podemos tudo mas na verdade sentimos, nestas situações, que afinal, nada podemos.
Num aula sobre luto, o Professor António Coimbra de Matos, disse uma vez que quando confrontados com a morte choramos por nós próprios, pela identificação à situação ou pelo lutos que não realizámos anteriormente. Revejo-me sempre.
 
A morte, o luto, apesar de naturais, se serem parte integrante da vida são algo que me amedronta, que sei antecipadamente que não conseguirei resolver, assimilar ou acomodar. A morte e o luto em mim são "bicho-papão", corroem-me só de pensar pois simbolizam a vastidão de um vazio impreenchível, de uma solidão mortífera, e de uma desorganização caótica.
 
Finjo que sim, que lidarei com a situação, que sou forte, e tenho o arcaboiço necessário para lidar com semelhante situação mas na realidade sempre desejei que todos me sobrevivessem e não fosse eu a ter de passar por isso.
Egoísmo? Talvez mas sei que é um pensamento/ sentimento que me aterroriza e paralisa. A minha capacidade de resiliência, de luta, racionalização ou sobrevivência, aqui de nada me servem. Assumo a pequenez, a imaturidade e os medos. Afinal este manto que me cobre não é assim tão espesso nem à prova de "bala".

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terça-feira, 3 de junho de 2014

...

A decisão de preferir outra pessoa é mais mutiladora do que um luto porque é uma decisão que rejeita voluntariamente o parceiro. "
 
 
Marie - France Hirigoyen Assédio, Coação e Violência no Quotidiano (Pergaminho)

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segunda-feira, 2 de junho de 2014

Divagando ...20

Essa cama larga e vazia em que te aconchegas. Queres fazê-la porto de abrigo para num segundo te arrependeres. Sais e no olhar levas dúvidas ou talvez arrependimento, queres partilhar e sentir-te pertença mas existem forças maiores que te impedem. Não insistas no vazio pois não será aqui que te preenches. Não mates o que nunca foi ou poderia ser.

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