sábado, 27 de novembro de 2010

Acordo Ortográfico (?!?)

Sou tacanha e mentecapta no que concerne ao novo acordo ortográfico. Talvez também se trate de preguiça - não me apetece reaprender a escrever. Não fico contente com a ideia que a partir de agora, se não presto atenção, o que escrevo está errado - que sou um erro ortográfico. Talvez também esteja a ser mesquinha, uma vez que este não é o primeiro Acordo, provavelmente, não será o último e verdade seja dita, há muito que a língua de Camões está adulterada no original. Seja como for: este é o meu Português. Foi aquele que aprendi no sistema escolar, é com ele que trabalho e é com ele que me identifico - logo - para mim um pacto é "um ajuste, convenção ou um tratado" e um pato é uma "ave palmípede".
De acordo com a Professora Catedrática Jubilada Maria Helena da Rocha Pereira, (ver aqui), entre um sem número de outras coisas, este novo Acordo Ortográfico faz todo o sentido porque, "No Acordo encontra vantagens práticas e até políticas, ao permitir, por exemplo, que nas reuniões internacionais se faça uma única versão e não duas, como acontece actualmente: uma na grafia usada em Portugal e outra na utilizada no Brasil."


Esta noticia, deixou-me chateada: Foda-se! importa-se tudo neste país, até a língua que falamos... passei a compreensiva: não é problema para nós, falamos qualquer língua em qualquer ponto do Mundo ... para depois ficar contente com a mesma: muda-se a "língua da Coroa" para evitar fazer duas versões da mesma coisa, parece-me bem, só mostra que o português (cidadão) de Portugal é um verdadeiro poliglota, desenrascado e homem do Mundo - lê qualquer merda, percebe qualquer merda em Português ou mandarim. Concluindo: para nós não é problema, aliás nada é problema, desde que estejamos ao nível dos parceiros internacionais. A única coisa que é mesmo um problema e dos grandes é mantermos as nossas tradições, valores e culturas intactas: isso dá trabalho.
Dissertando reflexivamente sobre o assunto, pensei: mas para isto ser mesmo justo não devia ter ido a votos e os PALOP também estarem em pé de igualdade com o Brasil?
Afinal Angola e Moçambique estão em expansão e lá também se fala Português: o José Eduardo dos Santos e o Armando Emílio Guebuza, com certeza iam apreciar o gesto e facilitava as relações internacionais, ou não???? E que tal para sermos ainda mais justos e termos um documento único para cada língua, o Hugo Chavez, propor que o Espanhol oficial seja o da Venezuela, ou do Chile - justo é ir a América Latina a votos e passarem-se a redigir os documentos internacionais, não no Espanhol da Coroa mas num mais fácil de escrever e sem tanta "letra e palavra morta" ... melhor e mais justo ainda é o Inglês ser Universal, neste caso é que conseguimos mesmo uma espécie de Documento Único de Relações Internacionais. Vamos a votos e descobrir qual é o novo Acordo Ortográfico: os Britânicos largam o inglês da Coroa e vai a votos o inglês da América do Norte, da África do Sul, da Austrália, da Jamaica, Canadá ou Filipinas.
Isto é que era facilitar - e para nós, sinceramente, é-nos igual: tanto percebemos Português da Guiné, como Espanhol do Paraguai ou Inglês da Libéria - Descendemos de Conquistadores, estudamos nas Novas Oportunidades, somos desenrascados, facilmente adaptáveis e ... adaptados(?!?)

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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Divagando ...

...
acho que preciso de aprender novos skills e reciclar os que tenho. Respiro. Acho que está na altura de limar velhos defeitos e investir em novas qualidades. Respiro. Sinto que o caminho, apesar de escorregadio e incerto, é o correcto. Respiro. Sinto que a caminhada é grande, o terreno acidentado mas serve para aumentar a resistência. Respiro. As mudanças chegaram e não as senti, abracei-as. Olho para trás e não me reconheço. Respiro. Falta outro tanto para a frente. Respiro. As transformações não chegaram num clic mágico mas sim embrulhadas em arame farpado. Sobrevivi. Respiro. Gostei. Gosto. Aguardo e ... Respiro!
não pertenço a esta cena: desça o pano e passemos ao segundo acto!

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Foda-se!!

"O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela diz.
Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"?
O "foda-se!" aumenta a minha auto-estima, torna-me uma pessoa melhor.
Reorganiza as coisas. Liberta-me.
"Não quer sair comigo?! - então, foda-se!"
"Vai querer mesmo decidir essa merda sozinho(a)?! - então, foda-se!"
O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição.
Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para dotar o nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade os nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo a fazer a sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia.
"Comó caralho", por exemplo. Que expressão traduz melhor a ideia de muita quantidade que "comó caralho"?
"Comó caralho" tende para o infinito, é quase uma expressão matemática.
A Via Láctea tem estrelas comó caralho!
O Sol está quente comó caralho!
O universo é antigo comó caralho!
Eu gosto do meu clube comó caralho!
O gajo é parvo comó caralho!
Entendes?
No género do "comó caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "nem que te fodas!".
Nem o "Não, não e não!" e tão pouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade "Não, nem pensar!" o substituem.
O "nem que te fodas!" é irretorquível e liquida o assunto. Liberta-te, com a consciência tranquila, para outras actividades de maior interesse na tua vida. Aquele filho pintelho de 17 anos atormenta-te pedindo o carro para ir surfar na praia? Não percas tempo nem paciência. Solta logo um definitivo:
"Huguinho, presta atenção, filho querido, nem que te fodas!".
O impertinente aprende logo a lição e vai para o Centro Comercial encontrar-se com os amigos, sem qualquer problema, e tu fechas os olhos e voltas a curtir o CD (...)
Há outros palavrões igualmente clássicos.
Pense na sonoridade de um "Puta que pariu!", ou o seu correlativo "Pu-ta-que-o-pa-riu!", falado assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba. Diante de uma notícia irritante, qualquer "puta-que-o-pariu!", dito assim, põe-te outra vez nos eixos.
Os teus neurónios têm o devido tempo e clima para se reorganizarem e encontrarem a atitude que te permitirá dar um merecido troco ou livrares-te de maiores dores de cabeça.
E o que dizer do nosso famoso "vai levar no cu!"? E a sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai levar no olho do cu!"?
Já imaginaste o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta:
"Chega! Vai levar no olho do cu!"?

Pronto, tu retomaste as rédeas da tua vida, a tua auto-estima. Desabotoas a camisa e sais à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado
amor-íntimo nos lábios. E seria tremendamente injusto não registar aqui a expressão de
maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu-se!". E a sua derivação, mais avassaladora ainda: "Já se fodeu!".
Conheces definição mais exacta, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação?
Expressão, inclusivé, que uma vez proferida insere o seu autor num providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando estás a sem documentos do carro, sem
carta de condução e ouves uma sirene de polícia atrás de ti a mandar-te parar. O que dizes? "Já me fodi!" Ou quando te apercebes que és de um país em que quase nada funciona, o desemprego não baixa, os impostos são altos, a saúde, a educação e … a justiça são de baixa qualidade, os empresários são de pouca qualidade e procuram o lucro fácil e em pouco tempo, as reformas têm que baixar, o tempo para a desejada reforma tem que aumentar … tu pensas “Já me fodi!”


Então:
Liberdade,
Igualdade,
Fraternidade
e
foda-se!!!
Mas não desespere:
Este país … ainda vai ser “um país do caralho!”
Atente no que lhe digo!"
By: Millôr Fernandes

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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Aceitação

Aceitarmos quem somos não é tarefa fácil. Aceitarmo-nos com qualidades e defeitos, em igual proporção, é mais difícil ainda. Assumirmos a nossa essência e sabermo-nos vulneráveis, inseguros e com dúvidas, será, provavelmente, o maior acto de coragem do ser humano.
Estamos formatados, não só ao contexto e à cultura berço, mas também àquilo que defendemos como sendo o nosso EU. A mudança é um processo exigente e de rigor, moroso e doloroso. As recaídas no fácil superam os avanços e cada passo leva-nos mais perto da vontade de recuar.
Quando algo não acontece de acordo com o que esperávamos, quando nos desiludimos, quando não concretizamos o que nos propusemos, tendencialmente, entramos num locus de culpa externa. Porque é bastante mais fácil que o processo que nos remete para dentro de nós. Conseguimos racionalizar, conseguimos até perdoar, no entanto, temos tanta dificuldade na aceitação do outro e da sua realidade.


São cinco as etapas de qualquer processo de luto (Modelo de Kübler-Ross): afectivo relacional, familiar, social, laboral e de morte efectiva. As fases são sempre as mesmas e apesar de não haver nenhum clic na passagem de um para o outro, temos de os passar a todos na íntegra, ou corremos o risco de nos danificar irreversivelmente.

1. Negação - este é o primeiro estádio, é aquele em que achamos impossível "aquilo" estar a acontecer-nos a nós. Tendencialmente remete-nos para o isolamento, devido à "injustiça" sentida por sermos "o alvo".


2. Raiva - Esta fase inicia-se quando a primeira ainda decorre, é a do "porquê eu", "devia ter acontecido a A ou B, porque merecem mais"; "A culpa disto tudo é de Beltrano ou/ Sicrano". Não é possível racionalizar nesta fase, tudo o que possa ser dito será usado contra o interlocutor.


3. Negociação - nesta fase já percebemos que não vale a pena negar o evidente ou culpar os outros, por isso tenta-se suportar a dor através da "troca justa": "Se me curar deixo de fumar; se ele voltar para mim deixo de ser ciumenta/o; se não for despedido passo a trabalhar mais horas".


4. Depressão - quando já percebemos que a negociação não é viável, ou não funcionou, entramos numa fase de humor deprimido que se não for controlada atempadamente, descamba num processo depressivo de acomodação e desistência: "nada vale a pena; não há esforço que justifique ...";


5. Aceitação - Chegar a esta fase, em tempo normativo, pode demorar até um ano. Há pessoas que levam mais tempo, entrando num registo patológico e outras ainda que nunca lá chegam. É difícil aceitar coisas que nos magoam, que fugiram do nosso controlo, que não esperávamos ou tão simplesmente são diferentes de nós, do nosso estádio de vida, da nossa personalidade.


A Aceitação, nossa, do outro, das coisas e situações que não controlamos e não podemos dominar esse é que é o grande desafio. Arrisco!

Desafio Aceite!!!

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