A significância da insignificância.
O poder que conferimos a meros detalhes, invenções de marketing, palavras atiradas ou simplesmente ao nada que nos rodeia.
Sabemos de cor e salteado que a maioria do que nos rodeia foi pensado estrategicamente para nos fazer sentir mal: temos pelos a mais, rugas que espreitam, cabelos demasiado lisos ou demasiado encarapinhados ou apenas cabelos, somos gordos, somos magros, cagamos bem, cagamos mal ...e ainda por cima ficamos com aquela sensação de ardor no estômago ... será azia? ou estaremos apenas aziados com as coisas simples e mundanas concebidas para nos fazerem sentir abaixo dos padrões elevadíssimos e fantásticos das respectivas marcas.
Não sei, talvez devido à profissão exercida em registo megalómano, às vezes penso que as pessoas se deixam afectar demasiado pela pressão externa. sim, queremos pertença, enquadrar-nos no meio de um monte de desenquadrados, que como nós compram frascos de felicidade que tiram rugas, roupas que estilizam o cu e as mamas, preservativos com saber a manga/laranja para ser sensual, e bebidas que devem ser bebidas com moderação mas que nos dão estilo ... ou pelo menos atordoam uma visão que se pauta pela significância da insignificância.
E quando olhamos em redor, sentimos que precisamos de mais iogurtes, mais cereais, mais margarinas, daqueles que tiram o colesterol, a barriguinha e as cartucheiras ... precisamos de mais e mais, sempre um mais que nos ajude a reduzir o sentimento de impotência, de desamor e de solidão, que nos faça bonitas/os, elegantes, desejáveis em outros espelhos que não o nosso. Precisamos de ser narcisados, de ser amados, admirados e/ou valorizados, seja pelo que for ... nem que seja pelas insignificâncias que no conjunto nos fazem sentir uma qualquer significância.
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