terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Despir ... 2014 ... Vestir ... 2015




Em 2008 nascias daquilo que me parecia ser uma dor insuportável. Não era. Na época rasgou-me a alma, o corpo mas principalmente estilhaçou-me o coração,  deixando-me uma mágoa que foi difícil de superar. Se é que se supera, acho que se integra e segue-se em frente mas a cicatriz, essa como qualquer outra, fica para sempre e a lembrar que o passado foi real.
Era apenas o inicio de uma grande viagem.
Não relembrarei pois está guardado em cada "ano que despi", e em cada célula do meu corpo. Este não foi diferente. Trouxe algumas coisas positivas que não chegaram para diminuir a intensidade das negativas, talvez tenham atenuado a dor, em alturas que pensei rebentar.
Talvez esta seja a forma do Universo me mostrar o quão sou resiliente, de me testar nos limites, e de me surpreender sempre com a capacidade que tenho de resistir, de pé, como as arvores mas toda amachucada.
Não direi que este ano foi ainda mais difícil pois já vinha debilitada e aos tropeções quando tive de saltar novamente para a arena e pegar todos os miúras de caras, e praticamente sem ajudas. No entanto as que tive Agradeço-As, Valoriza-As e sinto-me uma Abençoada por existirem.
Quantas vezes penso que gostava de ter coisas novas e entusiasmantes para partilhar virtual e presencialmente mas não tenho, e apesar de me sentir Grata e Abençoada ainda paira um "machado" no ar ... desta vez sobre a minha cabeça. Terei, com certeza, a força necessária para "pegar outro Touro", saberei reagir e no fim do dia seja o que Deus quiser.
 
Agradeço 2014 por me mostrar mais uma vez o quanto aguento, ensinou-me uma preciosa lição: não chego a todo o lado e cada vez estou mais exausta. Tenho de abrandar e marcar a diferença, sim, mas na minha vida, protegendo-me dos excessos e de não continuar a roçar e esticar limites pois já não consigo a ligeireza de antes, e se eu não estiver de pé não posso dar o suporte e apoio que os que me rodeiam precisam.
 
Assumo que sozinha já não consigo, assumo que já não sou autossuficiente e assumo também que a minha lição é o desapego: chego a onde posso porque a mais não consigo.
 
Dito isto, despeço-me de 2014 com muita aprendizagem, com mágoas e lágrimas mas também com sorrisos e Bênçãos ... que venha 2015, sem desejos, votos ou renovações, sem  ambições, projectos ou objectivos ... que venha, simplesmente, e há medida que a música tocar, tentarei dançar o melhor que puder e souber.
 
A todos um grande Bem haja e que façam de 2015 o melhor que puderem, souberem ou conseguirem ... porque afinal isto não é uma corrida mas a vida e "o caminho faz-se caminhando".
Boa Caminhada!!!! 

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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Ser "positivo e feliz"

E assim continuo amorfa e extenuada. Precisada de férias. O tempo interno pelo qual me regulo é acelerado e desatinado. Pergunto-me quando findará a resiliência e a que preço. Felicito-me pelo alcançado e pelo bem estar alheio proporcionado. Sem arrependimentos de qualquer ordem: fiz e dei porque assim o decidi e quis.
É suposto não me lamentar das situações menos boas, pois vivemos numa época de "positivismo" e temos de estar sempre "positivos e felizes" para atrair mais positividade e felicidade a rodos: bullshit!!!! Os sentimentos negativos também precisam de ser vividos, elaborados e integrados, senão passam a mágoa e rancor, e ai sim, envenenam-nos a alma, o corpo mas principalmente a mente.
Ficarei triste sempre que me apetecer, terei o humor deprimido sempre que necessário, chorarei sempre que precisar e terei pena de mim própria e lamentarei o que me acontece sempre que disso tiver vontade ou necessidade ou simplesmente por não aguentar mais.
Essa cena do positivismo continuo e a felicidade em continuum só me lembra recalcamentos advindos de um autocontrolo feroz, uma cena quase obsessiva-compulsiva, e à posteriori depressão ou uma cena assim mais  marada, tipo depressão psicótica, que é quando cai a gota que faz transbordar o copo e partir a máscara.
 
Não quero saber, já não tenho planos ou objectivos estipulados pois nos últimos anos rebentaram-me todos nas mãos e dei comigo à deriva, a ter que recalcular no imediato novas trajectórias, que não escolhi mas que me calharam.
 
Como me satura as conversas de merda que sou obrigada a ouvir quase diariamente: " dás muita importância às coisas, tens de desligar. Faz outras coisas, pensa noutras coisas, não te entregues a isso" - Lamento mas ainda não consigo deixar a minha família a morrer e ir curtir. Talvez um dia, aprenda "esse" positivismo e felicidades permanentes em que as pessoas enterram a cabeça na areia e ignoram tudo e todos os que estão em dificuldades, para estarem sempre "felizes, positivos e descomplicados".
 
 
Fico contente, e isso sim, deixa-me feliz e positiva, saber  que não esperam o retorno e quando a eles lhes calhar algum dia menos bom, vão compreender que os outros estão ocupados a serem positivos e felizes ...   

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segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Divagando ... 22

Tenho o peito tão cheio de um vazio tóxico que me deixa impotente. Dizem que ninguém está para sempre a descer mas isso não é verdade, ainda não parei de me afundar. As coisas boas que nos fazem bem, que nos ajudam a aguentar momentos menos positivos, são tão poucas, e nos últimos tempos quase imperceptíveis, no entanto Agradeço-As e agarro-me a elas como bóias salva-vidas - não tenho alternativa.
Todos os dias me questiono sobre como é possível "viver" assim e se aguentarei mais um dia ... e a resposta é afirmativa, rastejo, não tenho brilho, vontade ou objectivos mas sigo em frente e lido com o que há para lidar, mesmo que isso me destrua completamente. Sou o meu próprio apoio, suporte, amiga e conselheira. Não o lamento pois ninguém conseguiria ter esse papel na minha vida melhor que eu, não aguentariam ter de me dar o suporte e apoio necessário neste tsunami em que os dias se tornaram. Comigo não há coisas boas, há dias menos maus, e compreendo que os outros não tenham de "levar" com isso ... engulo o que consigo, a vida ensinou-me a disfarçar, no limite, choro e escrevo.
Não durmo como devia, estou estourada de um acumular de anos em que raramente deixei o campo de batalha fosse por aquilo que fosse que surgia (e surge) e que é preciso resolver ... estou tão cansada mas tão cansada que se pudesse dormia, e só acordava daqui a dois anos.

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terça-feira, 1 de julho de 2014

Divagando ... 21

Os meus níveis de ansiedade andam outra vez pelas ruas da amargura, não há Sedoxil que me valha, a impulsividade, o pensamento desorganizado, a angústia e uma fome desenfreada dominam-me. Se tentasse adivinhar a sua origem não devia errar por muito: é este eterno labirinto do Minotauro em que me encontro presa. Dou voltas e mais voltas, arrisco, mudo a direcção, tranquilizo-me, mas volto sempre à estaca zero: as coisas custam-me tanto a alcançar que quando lá chego estou demasiado cansada para as disfrutar. Fico feliz mas não consigo usufrui-las como sinto que devia. o meu cansaço já é crónico ou astenia como lhe chamam, se é físico ou emocional/ psicológico, não sei com certezas mas desconfio que é uma mistura dos dois, de muitos anos de disparates e de me levar frequentemente ao limite. Também suspeito que o facto de há 3 anos não ter férias e trabalhar 12h/ dia não me ajude. Culminou numa ausência ade prazer e vontade que luto diariamente para travar mas sinto-me a perder esta batalha contra a exaustão.
 
Admiro as minhas conquistas, quando olho para trás, pouca coisa faria de diferente, aliás nem consigo lembrar-me assim de nada que alterasse substancialmente, foram lições de vida, umas mais ásperas que as outras mas todas processo de aprendizagem e crescimento. Não sei em que fase de vida estou, sei que precisava de acalmar a vários níveis, deixar esta autossuficiência que se traduz em comportamentos obsessivo-compulsivos, em exageros que me magoam emocional e fisicamente. As sequelas físicas já são tão extensas que quando o tempo muda pareço os velhos, dor aqui, dor ali, ai ai, que não me consigo mexer ... enfim ... a última já leva 2 meses e está para durar, com a agravante que se não for ao sitio tenho de ser operada. E porquê? porque deixei-me dominar pela raiva e tive um pico adrenérgico que me transformou no Hercules, quando o pico de adrenalina passou tinha uma luxação na articulação do ombro esquerdo e uma entesopatia da coifa dos rotadores ... fixe!!!! Uma brincadeira com sequelas a longo prazo, e como se diz os outros nem deram por nada, pelo meu pico de raiva, pela impulsividade e pela mazela, as suas vidinhas prosseguiram com a benesse de não terem de fazer um cú ... porque eu já o tinha feito.
 
Deveria falar mais sobre o que me incomoda mas não consigo, não vejo a lógica, se as pessoas quisessem ver, viam. Eu também não tenho nenhum radar de coisas para fazer ou pessoas para desenrascar ... devem ser as minhas características de líder natural (?!?). Há uns tempos uma amiga dizia-me que deveria educar-me para me resignar, que  a determinada altura da vida devemos ficar contentes com o que alcançamos e não frustrados com o que ainda queremos alcançar. Aquilo pareceu-me mal, acomodar-me a uma situação que não me faz feliz? É isso ser crescido? Se me acomodo fico à espera de quê? De morrer?
Talvez ela tenha razão e talvez eu não tenha crescido mas ainda não aprendi ou me eduquei para me conformar.



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quinta-feira, 19 de junho de 2014

(Des)conversa 82

ao telefone ontem:
 
Ela - Olá. Estou farta de pensar em ti esta semana, como estás?
Eu - Estou bem e tu?
Ela - A sério que estás bem? Não se passa nada?
Eu - (?!?) Não porquê? Devia passar-se?
Ela - Não, é que estive com a E. que me disse que te viu, e que lhe pareceste muito triste e desanimada, até lhe pareceu que estavas a chorar.
Eu - (?!?) Estava num funeral (?!?)
Ela - ah! pois, isso ela não me disse ...

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terça-feira, 17 de junho de 2014

A morte e o luto em mim.

Quando os pais dos nossos amigos falecem, acabamos confrontados com a nossa realidade, a projectarmos os nossos medos, e  a revermo-nos nas situações. A vivência de uma dor ou somente a sua antecipação consomem-nos pelo confronto com  a nossa impotência e pequenez: podemos tudo mas na verdade sentimos, nestas situações, que afinal, nada podemos.
Num aula sobre luto, o Professor António Coimbra de Matos, disse uma vez que quando confrontados com a morte choramos por nós próprios, pela identificação à situação ou pelo lutos que não realizámos anteriormente. Revejo-me sempre.
 
A morte, o luto, apesar de naturais, se serem parte integrante da vida são algo que me amedronta, que sei antecipadamente que não conseguirei resolver, assimilar ou acomodar. A morte e o luto em mim são "bicho-papão", corroem-me só de pensar pois simbolizam a vastidão de um vazio impreenchível, de uma solidão mortífera, e de uma desorganização caótica.
 
Finjo que sim, que lidarei com a situação, que sou forte, e tenho o arcaboiço necessário para lidar com semelhante situação mas na realidade sempre desejei que todos me sobrevivessem e não fosse eu a ter de passar por isso.
Egoísmo? Talvez mas sei que é um pensamento/ sentimento que me aterroriza e paralisa. A minha capacidade de resiliência, de luta, racionalização ou sobrevivência, aqui de nada me servem. Assumo a pequenez, a imaturidade e os medos. Afinal este manto que me cobre não é assim tão espesso nem à prova de "bala".

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terça-feira, 3 de junho de 2014

...

A decisão de preferir outra pessoa é mais mutiladora do que um luto porque é uma decisão que rejeita voluntariamente o parceiro. "
 
 
Marie - France Hirigoyen Assédio, Coação e Violência no Quotidiano (Pergaminho)

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segunda-feira, 2 de junho de 2014

Divagando ...20

Essa cama larga e vazia em que te aconchegas. Queres fazê-la porto de abrigo para num segundo te arrependeres. Sais e no olhar levas dúvidas ou talvez arrependimento, queres partilhar e sentir-te pertença mas existem forças maiores que te impedem. Não insistas no vazio pois não será aqui que te preenches. Não mates o que nunca foi ou poderia ser.

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quinta-feira, 29 de maio de 2014

Queria dizer-te o que não ouves ... escrevo-te:

"As janelas que dão para o mundo tem as persianas corridas faz tempo. Por mais que o sol brilhe não tem força suficiente para as descerrar. Esse sotão atulhado e atolado de merda que só te faz mal. Queima essa merda toda, deita fora, larga. 
Dizes que é difícil subir degraus, que os teus joelhos não aguentam mais cicatrizes, e eu compreendo. Tenta fazer um esforço, tenta perceber o quanto subiste em vez do quanto falta subir. Sei-te sem forças, desmotivada, desorganizada e pior: descrente. 
Se te disser que és o teu pior inimigo, com certeza compro uma briga mas não quero saber: fosses para ti o que és para os outros e acredita que te seria menos esgotante, mais pacificador. A culpa é tua. Só tua. E agora? O que é que pensas fazer?
Nada. 
Acobarda-te e deixa-te no quentinho, por ora, sentes-te leve, protegida e em paz.
Poderás ficar para sempre?
Não.
És tão melhor a lidar com as merdas dos outros. Não entendo o porquê desse desanimo e frustração quando as cenas são contigo. 
Pensas-te imortal. 
Não és. Sê humilde e permite-te chorar, gritar, sofrer e ser frágil. Quem sabe não te surpreendes e alguém por ai te desenrasca....
...eu sei ... não acreditas.
Preciso que faças um esforço, que dispas o negro e vistas vermelho. Comprometes-te. Não baixes a fasquia , mesmo que não chegues à meta, chegarás um pouco mais perto ... de ti."

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segunda-feira, 19 de maio de 2014

Talvez...

Estou como o tempo: calor e vento. Uma discrepância que me deixa com enzelo, nem sei se estou bem, assim-assim, ou mal. É um estado de alma que não consigo descrever, que se prolonga, e parece não ter solução. A velha história: não é a vida que nos desilude são as minhas expectativas que são elevadas. Já deveria saber controlar as minhas expectativas, os prazos que me dou e os sonhos que tenho mas não sei. continuo tão ingénua (ignorante) como quando tinha 16 anos. 
Há algum tempo disseram-me: "a determinada altura da vida começamos a conformar-nos com a vida"
Lamento mas não me consigo conformar. É loucura, tacanhez ou recusa em aceitar, talvez o sinta como uma espécie de rendição, não sei. 

O que mais quero é conformar-me. Talvez um dia o aprenda a fazer. Talvez um dia a queda seja tão violenta que não me consiga reerguer, e talvez nessa altura o conformismo surja como um processo natural. 
Talvez.

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(Des)conversa 81

Eu - Desenha-me uma família imaginária.
Ele (13 anos) - Uma família imaginaria? Não conheço nenhuma dessas...
Eu - É uma família inventada por ti, da tua imaginação.
Ele - Ah! Já sei mas pode ser uma qualquer? Não sei desenhar famílias..
Eu - Sabes, é como tu quiseres, és tu que inventas essa família.

Começa a desenhar e faz unicamente uma figura no centro da folha.

Eu - Queres falar-me dessa família?
Ele - Então é um rapaz e os pais dele morreram por isso não tem irmãos e o resto da família vive longe, morreram ou brigaram todos e não se falam.
Eu - Isso foi mesmo preguiça não foi?
Ele - Então os órfãos  não são família deles mesmos ?

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