segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Despir ... 2012 ... Vestir ... 2013



A sensação inevitável de retro-perspectivar a minha jornada. A necessidade, quase doentia, de entender determinados acontecimentos e aprender com eles. Questionar-me e zangar-me comigo própria por determinados comportamentos ou atitudes em que senti que repeti padrões e onde sei que podia ser melhor. A vontade de mudar e um constante estabelecer de objectivos irrealistas e derrotados, antes mesmo de iniciados. A Fé e o Acreditar que desde sempre me caracterizam. O auto-flagelar-me por situações que são apenas o que são e nunca foram o que eu pretendia. A realização de muitas pequenas coisas que constituem um todo, que sou eu. As escolhas, as opções e os caminhos que tomei por minha única responsabilidade. As lágrimas que chorei, os sorrisos que partilhei. Ouvi e falei. Fiz muito e deixei outro tanto por fazer. Fiz o certo, o correcto, o assim-assim ou o errado - mas fiz. Não fiz outras tantas coisas que desejo fazer, por medo, teimosia ou porque assim o decidi. Senti-me sozinha mas também acompanhada. Senti-me abandonada mas também querida.

Um ano mais de "montanha russa", em que as descidas e as subidas, talvez tenham sido proporcionais - lágrimas exacerbadas e gargalhadas minimizadas. Foram imensos os temores mas também uma constante renovação de Fé. Baptizei o meu afilhado mais novo, e no caminho perdi a nevoa dos últimos anos e recuperei o verde do meu olhar. Verde é esperança e é assim que quero prosseguir viagem. Existiram acontecimentos que me derrotaram e momentos de grande desesperança, senti-me sem forças para caminhar e acordei, inúmeras vezes, derrotada. Ambicionei um abraço mais que tudo, um acordar partilhado e resignei-me a bastar-me, com a convicção de que já não (me) chego. 

Existiram, igualmente, manhãs de sorrisos alargados e uma fúria de viver. O sorriso do meu afilhado F. e os seus abraços apertadinhos. O nascimento da C. e um ponto de viragem na vida de quem se gosta, e por inerência partilha connosco conquistas. Amigos que estão presentes, mesmo quando não os vejo e a aproximação, de mansinho, de alguém que sempre foi importante na minha vida. O redescobrir-me em sentimentos e a necessidade de partilha. Iniciar novos projectos e sentir a tranquilidade de quem viaja apenas por puro prazer. 

Nesta jornada de 2012, confrontei-me com a minha pequenez e tacanhice - o afunilamento da minha vida - e quando o chão faltou, pela primeira vez percebi que sem esta área que construi tão forte, não sabia quem era. Um duro golpe que me deitou por terra e tirou energia e nessa queda tive de reaprender a caminhar. Reconstruí-me sem o registo Workaholic que me definiu durante anos. Tento não me deixar cair nesse padrão, e por vezes é-me uma batalha herculea - o conhecido é fácil e tentador. Quero-o na medida certa, não como o centro da minha vida. Tenho a inteligência e serenidade para fazer o que quiser, as competências pessoais, sociais e emocionais, reconquistam-se, trabalham-se. Treina-as.

Houve determinadas situações que sinto não ter tido a assertividade que devia, por achar que era desnecessário expôr-me - leia-se medo - a entrada em 2013 será consciente de que os sentimentos tem de estar ligados às palavras mas mais importante, às acções. Quero, digo e ajo em consonância. Aprendizagem. 

A todos os que de algum modo fazem parte da minha vida, aqueles com quem me cruzei, os que nutri e os que "não vi", aqueles com quem ainda não me cruzei, e os outros que não percebi porque nos cruzámos, desejo uma entrada Grandiosa em 2013 e uma jornada aliciante, marcada por um grande Acreditar no amanhã. 

Nunca deixem de olhar para o lado pois nunca sabemos quem lá estará  e que papel irá desempenhar na nossa vida. Deêm-se uma oportunidade e corra como correr, viveram!

Feliz Ano Novo!

No fim de contas o mais importante é olharmos, para todas as subidas, descidas, estagnação e corridas, de mais um ano que passou e sentirmos que subimos mais um degrau, grande ou pequeno, não importa - Não ficámos parados, não descemos - subimos.
  

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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

I Am Mine



"The selfish, they're all standing in line
Faithing and hoping to buy themselves time
Me, I figure as each breath goes by
I only own my mind

The North is to South what the clock is to time
There's east and there's west and there's everywhere life
I know I was born and I know that I'll die
The in between is mine
I am mine

And the feeling, it gets left behind
All the innocence lost at one time
Significant, behind the eyes
There's no need to hide
We're safe tonight

The ocean is full 'cause everyone's crying
The full moon is looking for friends at hightide
The sorrow grows bigger when the sorrow's denied
I only know my mind
I am mine

And the meaning, it gets left behind
All the innocents lost at one time
Significant, behind the eyes
There's no need to hide
We're safe tonight

And the feelings that get left behind
All the innocents broken with lies
Significance, between the lines
(We may need to hide)

And the meanings that get left behind
All the innocents lost at one time
We're all different behind the eyes
There's no need to hide"

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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Surpreendida :O

A minha família, este Natal, teve um surto de sanidade.
Facto que desconhecia.

Não ganhei a empregada doméstica mas também não ganhei cenas, que normalmente, não sei para que servem, nem tenho onde as por "para parecer bem" quando vão lá a casa.

O meu presente favorito foi um Trivial Pursuit - as coisas simples da vida (dado pela pessoa a quem emprestei o meu e resolveu emprestá-lo não se lembra a quem, isto tipo há 5 anos - adorei!).

Este ano o Natal foi-me mais espiritual que material, derramei lágrimas, apenas e só porque sim, e tive uma vontade súbita de mudar algumas coisas, quase como se restabelecesse uma ligação há muito perdida, entre mim e o mundo. Senti Paz e tranquilidade, algo que não sentia faz muito tempo. Nestas épocas, ultimamente, parece que sou dada a insights maravilhosos, daquele tipo de pensamento que deixa de o ser para passar a ser também um sentimento. Onde me leva? 

Não quero saber.


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segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

A todos ...

... a capacidade de não fazer retrospectivas e ficar de humor deprimido, isto é Natal, e por mais que não se queira lá vamos comprar as meias, cuecas e lembrancinhas que assinalam ou deveriam, o quanto gostamos uns dos outros, o quanto nos lembramos e o quanto queremos que se lembrem de nós. 

Por mais que não queiramos, é nesta altura, que surgem os "balanços" e as recordações de quem fomos e de quem, um dia, tivemos a nosso lado. Pedimos Paz, Amor e Saúde, para nós e para quem nos ama mas já agora, aproveitava também para pedir um casaquito e as tais botitas e se não for pedir de mais, talvez e apenas talvez, um novo telemóvel (eu acho que está impecável mas queixam-se tanto ...), e "prontos" acho que é tudo (se quiseres surpreender-me com uma empregada doméstica também ficarei muito contentee eternamente agradecida), fora mais umas coisinhas que talvez peça só no meu aniversário, visto que estás assoberbado de trabalho ... até lá: 

A todos, Votos de Festas Felizes!





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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Que grande chatice ...

o mundo não acabou hoje, lá vou ter de pagar a conta da luz, da água, do gás, o seguro, a casa, o carro, a segurança social ... pffff ... ainda bem que não fiz lista de prós e contras, quer cá parecer-me que as vantagens do "acabamento" do mundo superam as desvantagens ...  vou ter de ir comprar lembranças de Natal ... e limpar a casa, dado que assim já não se justifica o pó e desarrumação ...

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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Dúvidas ...



Ainda existem coisas importantes para mim, bem como um punhado de pessoas que me são queridas. Ainda tenho sonhos e alguns objectivos que gostava de cumprir, bem como a certeza de que há coisas que serão sempre aquilo e só aquilo. Ainda sou uma crente de visão condescendente e esperançosa obre os que me rodeiam, bem como também já aprendi que as pessoas e as coisas são apenas aquilo que são e não o que eu gostaria ou desejaria.
Se alguém me pedisse para hoje me descrever, diria que sou um animal preso em areias movediças. Debato-me e em vez de avançar, sinto-me a afundar. Não me afundo como se me fosse afogar mas sim para parar, como se o Universo se estivesse a travar numa impetuosidade que já chega. Que só me cansa. Não me deixa sorrir. Sou uma dúvida. Questiono o inquestionável. Questiono-me desde que me levanto até que me deito. Respondo-me e volto a questionar (me).
Fala-se tanto do fim do mundo, e do fim disto e daquilo mas os "fins" são inevitáveis e invariavelmente assinalam, também, inicios. Às vezes quando nos apercebemos que em simutaneo com um fim, deu-se um grande início já perdemos alguma da sua magia, penso que lhe chamam resistência aos processos de mudança. Sofro dessa doença mas também já estive mais "atacada" da mesma, agora incomoda-me e logo a seguir sigo em frente: não sei se perdi a capacidade de ficar em pânico com as ditas mudanças ou se fui vencida pela exaustão da resistência às mesmas. As rotinas, por mais perversas que sejam, são confortáveis, são conhecidas e de certa forma amigas, verdade seja dita, que algumas são "amigas tóxicas", quase um suícidio lento. Há muito tempo que não me reconheço, que não sei quem sou, sinto que tudo o que defendia e acreditava é falacioso, apenas estereotipos e preconceitos que me travavam fosse no que fosse. Os meus apurados mecanismos de defesa são uma merda, pertencem ao neuróticos e os sinais estão cá: sou intelectualização e racionalização ao extremo. Arranjo uma explicação lógica para tudo e as justificações que me dou convencem-me de que tenho razão. também estou cansada dessa merda. estou cansada de pensar, de me auto-analisar, psicanalisar e tudo o mais que me faço - destrutivamente. O que acho que devia ser a minha vida, talvez, e apenas talvez, não seja o certo para mim. O correcto, talvez seja deambular em mim - ouvir-me e sentir-me.
A voz na minha cabeça anda mais sossegada ou deixei de a ouvir, sempre a querer isto e aquilo, a traçar metas e objectivos, a correr, a correr, como se não houvesse mais nada. Tenho sono. Muito. Apetecia-me dormir e não pensar  em nada, não ter de acordar. Humor deprimido. Hormonas no comando. Ou, apenas, espaço e tempo para me redefinir.
As minhas prioridades mudaram, esta lógica, por si só, já não me satisfaz. As dúvidas são muitas e cada vez maiores.
O que penso que me ia satisfazer, talvez e apenas talvez, também não o faça mas reconhecê-lo a mim própria já é um passo, e querer vivê-lo, sem barreiras, tabus, estereotipos ou "ses" é sem dúvida o meu avanço - querer viver-me.

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Coisas ...

A maioria das mudanças na minha vida envolvem dinheiro que não tenho em alturas que não me dá jeito nenhum. As que não envolvem dinheiro, parecem surgir deixando-me com um humor de merda e a dúvida se estão a acontecer ou não - as mudanças.

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(Des)conversa 66

Ela - não me patece nada ir morar para casa dos meus pais.
Eu - Olá para ti também. Então as coisas não estão melhores?
Ela - Não. Vamos separarmo-nos. É pelo melhor.
Eu - Se o dizes, com certeza será o meia acertado. E como estás?
Ela - Pois ... estás com alguém?
Eu - Não, neste momento não.
Ela - O que era ideal era dividir casa com alguém...
Eu - Será uma hipótese a considerares mas lembra-te que tens filhos e coloca em perspectiva tudo: como reagirás quando a outra pessoa ou pessoas deixarem tudo desarrumado, quando levarem pessoas para jantar ou dormir lá em casa. Se com quem divides a casa também tem filhos ou não. Há muita coisa a pensar. Uma coisa é viveres com um companheiro ou com os teus pais, outra é viveres com amigos em que os afectos são relativos e com um filho será de considerar.
Ela - Pois ... já percebi que não estás para ai virada.
Eu - Nem percebi que isso tinha sido uma pergunta (?!?)
Ela - Não foi bem uma pergunta, era uma sugestão.

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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Disseram-me ...

"A falta de dinheiro junta as pessoas."

"As pessoas separam-se pela falta de dinheiro."



Quando estas duas frases fazem parte da mesma conversa, fico a pensar, que qualquer desculpa é uma boa desculpa, a lógica: Preso por ter cão e preso por não ter cão.
É mais fácil a atribuição de culpa externa. Pensar que existem pessoas tão felizes que passam pelas suas próprias vidas sem nunca terem culpa ou responsabilidade em coisa alguma ... porque foram eles que ... esse outro vil e castrador, de costas largas e peito inchado ... enfim: a falta de dinheiro leva as pessoas a juntarem-se - a falta de dinheiro leva as pessoas a separarem-se e o meio termo? Leva as pessoas a fazerem o quê? A juntarem-se aos bocadinhos ou a separarem-se aos bocadinhos?

Lembra-me aquela história da mulher que passava e ele dizia: "Ali vai a minha viúva."
- "A tua viúva?"
- "sim, ela chama-me falecido, logo só pode ser a minha viúva"

Quantos viúvos e viúvas de esposos vivos conhecemos, e ainda não perceberam que todos os dias morrem mais um pouco, a solidão acompanhada mata mais que a falta de dinheiro e por ela as pessoas juntam-se e separam-se.

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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

(Des)conversa 65

Com os meus miúdos:

Eu - O que é um discurso assertivo? Acham que eu sou assertiva?
D - Achamos, tu acertas sempre em tudo o que nós fizemos ou estamos a fazer.

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A descoberta da Pólvora!

Existem umas pessoas que ainda não perceberam porque é que existem determinados riscos em espaços, normalmente, situados ao lado dos passeios mas também em áreas grandes, em que formam vários rectângulos ... esses espaços servem para...Estacionar! 

Eu explico: esses riscos delimitam uma área, em que, usualmente, cabe um veiculo, leia-se carro e o objectivo desses mesmos riscos é estacionar entre os mesmos e não ficar em cima de dois ou com um dos riscos no meio do seu carro. A lógica é caberem 7, 8,10 .... 2000 carros, conforme a capacidade dos locais e não onde podem estacionar 10 - porque existem 10 "buracos" - estão lá 5. 

Não é preciso tirar um curso para o entender, nem mesmo a carta de condução, é praticamente senso comum e o contrário é apenas falta de civismo e de respeito pelo próximo. Andam sempre a queixar-se que o estado isto e aquilo e quer mandar no que fazemos, comemos e qualquer dia no que vestimos mas foda-se, quando o estado não manda ninguém cumpre, é o primeiro que chega, é o primeiro que se amanha e quem vier atrás que feche a porta ... depois chateiam-me a cabeça que os putos são os mal educados e sem regras e blá blá blá ... isto chateia-me todos os dias mas em dias de chuva como o de hoje arrasa-me mesmo ver dois carros a ocupar o lugar de quatro e ter de me encharcar toda, não por não existirem lugares mas pela falta de empatia e bom senso de alguns.

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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Quem tem medo compra um não - Eduardo Sá

Quem tem medo compra um não - Eduardo Sá

"A diferença entre as pessoas corajosas e os medricas é que as primeiras reconhecem os medos e os segundos são, unicamente, destemidos na forma como os iludem. Por outras palavras: todos temos medo. E isso é bom.

Os medos protegem. Há medos que são uma espécie de equipamento de base, com que nascemos. O medo das pupilas longitudinais, por exemplo (próprias dos felinos, dos tubarões ou dos répteis) não precisa duma aprendizagem recorrente. Representa um precioso seguro de vida sempre pronto a socorrer-nos. Já outros medos, tanto têm a ver com experiência de sofrimento agudo a que fomos expostos como com medos dos nossos pais que nos foram assustando e que tomámos como nossos. À primeira vista, os medos parecem um bocadinho estúpidos. E compreende-se porquê. Disparam um semáforo amarelo em todas as circunstâncias que se assemelham aquelas em que os conhecemos pela primeira vez. Mas pecam por excesso de zelo: todas as situações que, de perto ou de longe, se aproximam daquelas que nos terão ameaçado são sinalizadas com se, com isso, o nosso sistema nervoso fosse alguns passos à nossa frente e olhasse por nós. Dito doutra forma: o anjo da guarda – que nos protege e nos guia – vive dentro de nós. Acresce que o semáforo amarelo, de que vos falava, por vezes, é atrevido: atropela-nos os gestos com um coração que galopa ou aumenta a temperatura do corpo com se tivéssemos o termóstato avariado. Na verdade, representa uma forma de nos dizer:

- Estás a aproximar-te duma situação em te podes magoar! Tem cuidado!

 Mas como somos ensinados a reprimir estes sinais, há alturas em que ficamos partidos ao meio: uma parte de nós assume-os; outra, repreende-os. Como, ainda por cima, nas situações de algum alarme, uma grande quantidade do nosso sangue foge - qual batalhão de reservistas - para as massas musculares (não seja preciso fugir ou atacar…), com menos oxigénio no cérebro, diante dum medo ficamos todos um bocadinho mais… “burros”. Apesar de todos os vexames que enfrentar um medo possa trazer, fugir dele faz pior. Isto é: a melhor forma de ficar preso a um medo é fugir dele.

Os medos são companheiros mais ou menos frequentes das crianças. Aumentam ou decaem consoante a maneira como os pais não os entendem ou os abrigam. Se os pais os acolhem e, de forma firme, persuadem os filhos a enfrentarem-nos, o semáforo amarelo apaga-se aos poucos. Se os ignoram, tornam-nos um pouco mais alaranjados. Se os almofadam por todos os lados, dão-lhe gás e eles ficam avermelhados. Mas veja-se como se sossega um medo, como exemplo. O medo das trovoadas é natural como a sede. Diante dele, todas as crianças se esgueiram, no meio dos relâmpagos, para a cama dos pais. Ao verem-nos, com o seu sussurrante ressonar, competindo com o ribombeio dos trovões, aninham-se entre eles e adormecem. Se tivesse legendas, uma cena como essa quereria dizer:

- Se os trovões me fizessem mal os meus pais não iriam, logo agora, adormecer em serviço…

Se o medo é como os pontos cardiais, quando são os pais que o promovem tudo se complica um pouco mais. Será razoável que as crianças tenham algum medo dos pais? É. Sobretudo, quando percebem que transgrediram as regras que eles definem. O que as assustará mais: a zanga dos pais ou a sua interminável condescendência? A condescendência que nunca se esgota. E porquê? Porque aquilo que os pais entendem como qualquer coisa de mal, no comportamento dos filhos, os magoa quando isso os assusta ou os aflige. É natural, portanto, que – ao sentirem-se magoados – os pais recorram a alguma dor para dissuadirem as crianças de irem por diante com os seus dislates de força de elite. Como um simples “não” nunca parece chegar, os pais reforçam-no um pouco mais: uma palmada ou um castigo será uma forma de enriquecerem, com um pouco mais de medo o medo que as crianças precisam de ter para estarem mais protegidas de alguns perigos potenciais. Quero dizer: há um “quanto baste” no medo que protege as crianças. Medos de menos estragam-nas. Medos demais fazem-lhes mal.

Devem os pais explicar cada “não”? Estão proibidos! Porquê? Porque exercer a autoridade num clima de “desculpa qualquer coisinha”torna os pais medricas de serem pais e transforma uma família numa… ditadura do proletariado. A melhor das explicações são os bons exemplos dos seus actos de todos os dias. As explicações devem ser a excepção. Jamais a regra.

Devem os pais castigar? Estão proibidos de fazer do castigo uma constante na vida das crianças. Ele será a excepção! Como somos animais de sangue quente (e latinos) sempre que fazemos de conta que ignoramos uma tropelia, a nossa ira acumula créditos que, a pretexto dum episódio irrelevante, faz com que os castigos mais pareçam os lenços que o Luis de Matos descobre numa cartola: “E depois ficas sem a sobremesa, a play station e o computador. E não vais à festa de sábado…” E, passadas algumas horas, tamanha recessão é revista em baixa as vezes que forem necessárias até que tudo volte à “casa da partida”. Quando nem os pais levam a sério um castigo é porque ele não é de fiar…
Os pais estão autorizados a amuar? Estão proibidos. Um amuo é uma birra para dentro. Enquanto uma pequena palmada arde uns minutos, um amuo amachuca pela vida fora.

Depois de as avisarem duas vezes, os pais estão autorizados a “passarem-se” com os filhos. “Passarem-se” será: abrirem-lhes os olhos, darem-lhes um grito ou, excepcionalmente, uma palmada. Por outras palavras os pais deviam promover a “via verde” ou o vermelho vivo. Por isso, estão proibidos de educar em amarelo intermitente. Isto é: estão proibidos de se transformarem nos “chatos oficiais” lá de casa. A zanga na hora é a melhor amiga da autoridade. E a autoridade só se conquista pela sabedoria que se reconhece e com o sentido de justiça que se demonstra. A autoridade baliza o medo. O autoritarismo acarinha o pânico (que é uma forma de ter medo do que mete medo e de quem o protege, ao mesmo tempo). É por isso que o pior dos medos das crianças é o medo (sem quartel) dos pais. Quem são os pais mais amigos dos medos?

Os pais que mais assustam as crianças são aqueles que nunca se zangam. O que as assusta neles é a sua indiferença. Vemo-los, por exemplo, quando se deliciam num restaurante por entre os guinchos duma criança que fazem de Tarzan um indomável de trazer por casa.
Logo a seguir, vêm os pais que têm birras em que partem a loiça e, quando o não fazem, dizem aquilo que nem uma grosa de cacos consegue escaqueirar dentro de nós. A ira dos pais assusta que se farta. E não é de admirar que, por medo, diante dela, os filhos se tornem crianças exemplares.

Mais ou menos a par, vêm os pais que - ora irascíveis, ora pela depressividade que nunca se resolve - são hostis no tom com que lidam com as crianças. Junto deles, o Rezingão, da Branca de Neve, mais parece o Noddy. Os seus filhos, ou se atilam ou disparatam. Ora fazem de “panela de pressão” ora se transtornam por entre uma erupção furiosa. Quem dera que quem os educa nunca esquecesse que o controle é o melhor amigo dos impulsos…
Já os «pais-pirilampo», tão depressa acarinham como, de seguida, violentam. São inconstantes e imprevisíveis. E estonteantes das variações bruscas do humor a que os filhos, por mais que se tentem ajustar, parecem nunca se adequar. Seja o que for que os tenha feito assim, estes pais intimidam pela hostilidade que lhes foge no tom com que lhes falam. São ásperos e agrestes. E magoam. Aos poucos, vão-se tornando mais progenitores e menos pais. E de tão assustadores, fazem com que as crianças ganhem medo de tudo. A começar pelo medo da própria sombra.

Todos nós colocamos algum sofrimento na educação dos nossos filhos. Na verdade, essas breves frustrações funcionam como uma campanha de vacinação. Sempre que as crianças aprendem a conviver com alguns “nãos” aguçam o engenho de os contornarem. Por cada não, é natural que fiquem com uma raiva de estimação, em relação aos pais. Durará, quando muito, meia dúzia de minutos. E vem equipada, um ror de vezes, com um: “não gosto mais de ti”(que, em tradução simultânea, quer dizer: “se gostasses mesmo de mim far-me-ias todas as vontades!”). Será de esperar que, no calor da ira, se insurjam e, atabalhoados, lhes chamem: “estúpidos”? Obviamente que não. Ninguém deseja que uma criança seja um anjo na Terra. Só se espera que, dentro das regras dos pais, elas aprendam a ser insolentes com maneiras.

Se uma criança cresce dominada pelo medo, ora se torna exemplar, entre os adultos e na escola, ora faz da violência que distribui de forma gratuita uma forma de meter medo ao medo. Afinal, quem tem medo mete medo. E quanto maior o medo, mais ele se afronta, violentando.

Todas as crianças são inteligentes e são atentas. São, portanto, um “motor” topíssimo de gama. Sem a autoridade dos pais faltam –lhes os “piscas e a caixa de velocidades. Sem o amor deles o combustível. Sem nada disso, por cada medo que tenham refugiam-se nele e desafiam-no, ao mesmo tempo. E fogem por diante. Como se metessem medo ao medo. Como se quem tem medo, não tendo quem o acolha, comprasse (a torto e a direito) sempre mais um não."


In: Ensino Privado

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domingo, 2 de dezembro de 2012

Que se passa?


Não sei.


Há qualquer coisa de diferente. Qualquer coisa que nem sei bem o que é mas é tranquilo, pacifico, apesar de surpreendente. Não conto porque não há nada para contar, é assim uma sensação, um estar e uma vontade que vem da "pele" de fazer as coisas mais absurdas (em mim). Não sei o que mudou mas não é mau, não há um esforço ou um pensamento consciente de acção.

Continuo materialista mas sem poder de concretização, apetece-me comprar umas botas fantásticas que vi mas que não preciso, as que "preciso" são outras (que também já vi), e uma canadiana, em azul escuro, que sempre quis ter e ficava tão bem com as botas ... preciso de mudar de telefone porque o meu ganhou vontade própria ... e preciso de calças de ganga e de uma saia às pregas azul escura ... controlo-me e percebo que nada destas tralhas me fazem realmente falta, são ego e o meu vai ter de crescer e tem crescido e entendido que não é isso que o alimenta e mantém saudável.

As questões da ambivalência também se tem tornado mais intensas e como é positivo ser ambivalente: deixar as todas as portas entreabertas. A ausência de verdades absolutas. A intelectualização no seu melhor e com muitas dúvidas para a baralhar e fazer parar. Projectos, sonhos, objectivos e ambições, o que posso fazer pelas concretizações nem é assim tanto como um dia pensei ser - já não me apetece correr mais, tornar as coisas em obsessões e ficar cega para tudo o resto e no fim frustrar-me por ter abdicado de tudo em prole de ... e sentir o "de" cada vez mais inalcansável.

O que se passa? 

Não sei ... mas a "crise" tem-me dado o tempo e a serenidade para assimilar e acomodar novos valores e novas formas de estar e sentir. Sou uma abençoada por trabalhar mas já não encaro o trabalho como antes. Mantenho as responsabilidades mas agora sou eu que domino e não a dominada ... o velho deu lugar ao novo, não por querer mas às vezes é preciso entender que a forma como somos e vivemos a vida, as nossas crenças e valores, não são antiguidades mas sim velharias. 

Sei que existem determinados estereótipos e até preconceitos que pautavam a minha forma de pensar e modo de estar na vida. Sei que estão a extinguir-se porque nunca pensei "pensar o que estou a pensar" involuntariamente, desta vez não foram o suficiente para me fazer extingui-los dentro de mim. Orgulho-me desta pequena evolução e mais ainda porque apesar de não ter concretizado as minhas intenções, tive-as.

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